Garotas DUFF e Medianas

Carta aberta sobre uma garota DUFF. “Always an angel never a god”.

Contextualizando

Antes de começarmos, gostaria de ressaltar que existem somente duas possibilidades: ou você conhece um DUFF, ou o DUFF é você.

Caso você não saiba ou não conheça esse termo, recomendo assistir ao filme de mesmo nome, “D.U.F.F. - Você Conhece, Tem ou É” (admito que eu LITERALMENTE, terminei o filme como uma pessoa completamente diferente, porque ele me deu um conhecimento que eu não sabia que precisava). Mas, se você não está muito afim de assistir um filme inteiro só para entender uma palavra, eu explicarei. A sigla de DUFF é “Designated Ugly Fat Friend”, ou seja, seria a amiga que é menos aparente no grupo de amigas. Aquela que não é a mais bonita, não é a mais conhecida e que poderia passar despercebida. Aquela que é sempre chamada, mas nunca a primeira opção. Aquela que sabe das fofocas e novidades do grupo, mas sempre é a última a saber. Mas não é como se as amigas gostassem menos dela, ou até mesmo tratassem mal. Porque a DUFF simplesmente é a DUFF e é isso, ou você conhece, ou você tem ou é você.

Relato pessoal

Cara esse filme literalmente explodiu a minha mente, porque depois que vi ele eu percebi que eu era a DUFF do meu grupo de amigas. Comecei também a perceber o DUFF nos grupos de amizades alheios. É um pouco triste perceber que todos os grupos têm um DUFF. E de uma forma ou de outra, inconscientemente, todo mundo sabe quem é, e quem é, sabe que é.

Quando eu tive esse momento “realization” foi durante a escola lá pelo 7°/8° ano. Nessa época eu fazia parte de um grupo de 5 meninas (na verdade ainda somos amigas hiihi), mas era mais próxima de duas amigas nesse grupo, portanto éramos um triozinho. E eu sempre me senti meio diferente delas, porque sempre chamavam ELAS pras festinhas, ELAS eram mais conhecidas, os meninos queriam ficar com ELAS e inclusive algumas vezes(as únicas) vezes que os meninos vieram falar comigo foi pra pedir ajuda/contato para ficar com as minhas amigas. E eu simplesmente não entendia o porquê daquilo. Depois que assisti o filme que me dei conta que era a DUFF das duas. E não é que as pessoas deixavam de me chamar ou falar comigo porque era a DUFF, como se fosse uma doença contagiosa. Era porque na época, realmente (não gostaria de admitir), eu era a mais “feinha”, era mais tímida e reservada, as duas tinham irmãos mais velhos que estudavam lá, então elas já conheciam mais gente e tinham jeito de falar com diferentes pessoas.

Always an angel, never a god

Só quem é ou já foi um DUFF de um grupo sabe como é. Não levando ao significado original de DUFF(sobre ser feia, fofa, desengonçada e útil) e abrindo para outras interpretações, acredito que o DUFF seja para aquelas pessoas que não se sentem boas o suficiente. São para aquelas que não são as mais inteligentes a ponto de tirar 10, mas também não são burras que zerariam a prova. São para aquelas que não são as mais bonitas, mas não são as mais feias. São para aquelas que não são as mais engraçadas, mas também não são sem graça. Não são as melhores em determinada coisa, mas não são piores. São para as medianas, por isso passam despercebidas. Não são notadas. Não fazem parte de nenhum grupo. Nem da bonita, nem da feia. Vive no limbo.

Já vi no tiktok um cara falando que se um cara “chega” em VOCÊ na balada no meio do seu grupo de amigas é porque você é a mediana. Por que ele não ficaria com a mais feia, mas também não tem coragem de chegar na mais bonita. (Bom jeito de descobrir se é a mediana do grupo kk)

É triste porque por mais que nos esforcemos parece que nunca será suficiente. É um ciclo tóxico também, porque você pode começar a se comparar e se autossabotar se perguntando: “ O que a outra pessoa tem que eu não tenho?” Você começa a se cobrar, se comparar e isso é péssimo.

Conclusão

Portanto amigas DUFF medianas, por experiência própria, não entre em ciclo de comparação, vai acabar mal pra você. Por mais triste e chato que possa parecer ser uma mediana, tente olhar suas outras qualidades. Com certeza você tem alguma qualidade que não te deixa no nível mediano. Mas também não é sobre sempre estar no topo e ser melhor em tudo. É sobre abraçarmos quem nós somos e nos amarmos, por mais clichê e difícil que possa ser. Se ame e se valorize, porque se nós mesmas não fizermos isso, quem fará? Temos que NOS colocarmos em pedestais para assim as pessoas nos tratarem assim também. Tornemos nosso copo meio vazio em um copo meio cheio. Vamos mudar a perspectiva que temos sobre nós mesmas.

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